Vacinas são seguras, sim!
Primeiro tivemos um caso confirmado de Sarampo em nossa região. Uma semana depois, a mídia divulgou uma entrevista com um dos cientistas responsáveis pelo programa governamental que erradicou a poliomielite de nosso país (na década de 1980), onde, preocupado, fala que atualmente o Brasil registra uma das taxas de cobertura vacinal mais baixas de nossa história, deixando cerca de 500 mil crianças suscetíveis à contaminação.
O pior é que não podemos nem culpar apenas a pandemia pelo declínio das imunizações de rotina, já que isso vem ocorrendo há cinco ou seis anos. Infelizmente, para esta nova geração de pais, que praticamente não teve contato com as doenças imunopreviníveis, quando falamos de poliomielite lembram apenas do Zé Gotinha, personagem símbolo da Campanha de Vacinação Nacional. Coqueluche, então, nunca ouviram falar…
Entretanto, estes se esquecem que a poliomielite é uma doença altamente contagiosa, que atinge crianças e adultos, cujos principais fatores de transmissão estão ligados a falta de saneamento, as más condições habitacionais e a higiene pessoal precária. Nos casos em que o vírus alcança a corrente sanguínea, e consequentemente o sistema nervoso, destrói os neurônios motores e provoca paralisia em um dos membros inferiores. Se a doença infectar as células dos centros nervosos que controlam os músculos respiratórios e da deglutição, torna-se fatal. Aqui dei como exemplo a poliomielite, mas a realidade é que enfermidades como sarampo, caxumba, rubéola, tétano e coqueluche podem levar a complicações graves. Todas essas doenças e o sofrimento que causam podem ser prevenidos com vacinas.
Por isso, como médico, alerto pais e responsáveis: esqueçam as “fake news” ! As vacinas que integram o Calendário Nacional de Vacinação são seguras e salvam vidas. E a maior prova disso é o fato de que os últimos casos de poliomielite registrados no país foram em 1989, ou seja, há 33 anos! A população brasileira já sofre o suficiente com os problemas atuais e não precisa voltar a se preocupar com doenças que, com muito trabalho, já foram erradicadas de nosso convívio.
Dr. Elói Guilherme P. Moccellin
Presidente do Sindicato dos Médicos de Santos, São Vicente,
Cubatão, Guarujá e Praia Grande(Sindimed)